A hérnia de disco cervical é uma condição médica que afeta os discos intervertebrais presentes na coluna cervical. Ela é composta por sete vértebras, numeradas de C1 a C7, e entre cada uma delas há discos intervertebrais que funcionam como amortecedores, permitindo movimentos suaves e absorvendo o impacto.
A hérnia de disco ocorre quando o núcleo pulposo do disco intervertebral se projeta para fora de sua posição normal, rompendo o anel fibroso que o envolve. No caso da hérnia de disco cervical, essa protrusão ocorre na região do pescoço e pode pressionar as raízes nervosas que saem da coluna cervical ou até a medula espinhal, resultando em dor, formigamento, fraqueza muscular e outros sintomas neurológicos.
Os discos intervertebrais começam a se degenerar em uma idade jovem. Muitos pacientes na faixa dos trinta anos apresentam degeneração dos discos revelada em radiografias ou ressonâncias magnéticas, e praticamente 100% das pessoas idosas possuem múltiplos discos afetados.
Os discos frequentemente herniam sem qualquer evento traumático incomum, mas, em alguns casos, pode haver fatores contribuintes, como excesso de peso, má postura, levantamento de objetos pesados ou trauma. O uso crescente de computadores e celulares aumenta muito a carga sobre a coluna cervical.
A condição pode variar desde a ausência de sintomas até comprometimento neurológico severo.
O diagnóstico se inicia com uma história clínica e exame físico detalhados. Se adequadamente realizados, os mesmos podem sugerir fortemente não somente o diagnóstico, como também a topografia e raízes nervosas afetadas. Desta maneira, os exames complementares têm a função de corroborar as conclusões da avaliação clínica e auxiliar na definição da estratégia terapêutica. Os exames mais frequentemente solicitados são os seguintes:
O tratamento da hérnia de disco cervical depende da gravidade dos sintomas, do impacto na qualidade de vida do paciente e da resposta ao manejo inicial. Ele pode ser dividido em tratamento conservador e tratamento cirúrgico.
O tratamento conservador é a abordagem inicial na maioria dos casos, especialmente quando os sintomas não são graves ou incapacitantes. Ele inclui:
A cirurgia é considerada quando o tratamento conservador não proporciona alívio após um período de 6 a 12 semanas, ou em casos de:
É a técnica mais comum. Por meio de uma pequena incisão na parte frontal do pescoço, sob auxílio de amplificação de imagem (por microscópio ou lupa), o disco herniado é removido e em seu lugar são colocados espaçadores chamados cages, fixados por placas e parafusos.
Envolve os mesmos passos da ACDF, porém em vez do cage é utilizada uma prótese cervical, a qual tem a vantagem de manter a mobilidade no segmento operado. Tem uma indicação mais restrita, sendo boa opção em casos de doença predominantemente discal sem alterações degenerativas importantes associadas.
A cirurgia endoscópica tem ganhado bastante espaço no tratamento das patologias cervicais. Tem como grandes vantagens a menor incisão, menor trauma tecidual e, em comparação com as cirurgias mais praticadas, poupa o disco e mantém a mobilidade cervical total. Vale destacar, porém, que é indicada para casos selecionados, em especial aqueles com patologias foraminais ou laterais sem degeneração significativa associada.
Em geral, a alta hospitalar ocorre entre 24 e 48 horas após o procedimento cirúrgico. O paciente pode mobilizar normalmente a coluna cervical (não há necessidade de imobilização), andar e fazer atividades básicas de rotina e autocuidado. É recomendado o início precoce da fisioterapia para ganho de mobilidade, alongamento e fortalecimento muscular. Em poucas semanas é possível retornar ao nível prévio de atividade, sem restrições permanentes impostas pelo procedimento.